quarta-feira, 4 de julho de 2012

Não fazer coisas estúpidas!

A primeira pedalada é um momento que se prolonga durante uns 15 minutos passando a ponte do Rio Lima... rumo à EN 13.


São momentos silenciosos, claramente um espaço de concentração onde me recordo dos locais por onde pedalei até aqui chegar, o facto de já lá ter chegado anteriormente é irrelevante este momento pois tudo o que poderia ter feito para chegar em boas condições a Odeceixe já foi feito e agora resta-me manter-me fiel ao meu plano e manter o cérebro a pensar.


Algures por aqui faço o juramento "...de não fazer coisas estúpidas", penso muito nisto pois sei que há vida para além das bicicletas e o Portugal na Vertical tem uma distância... digamos que substancial...


Km após km, com meu grande amigo Albano que partilha comigo algumas destas pancadas e muitos dos meus km seguimos num silêncio pouco comum, ambos sabemos que em 600 k muitas coisas acontecem e aquilo "que parece nem sempre é".


Passamos por Marinhas um dos sítios que nos acolheu este ano e seguimos rumo à invicta onde iríamos parar em Matosinhos, e é por estas paragens que começo a fazer contas...   pois eu acredito que não há nada mais prático do que uma boa teoria e para pedalar 600 k é bom que a minha  teoria seja boa!


A média de FC  (a única média que me interessa, a do conta km nem sequer está configurada nos ecrãs do conta km) destes primeiros km tem de ser necessariamente baixa pois sei que nestas primeiras horas é fácil ter uma maior deriva cardíaca... mas eu preciso de ir para longe.... 


Com uma FCM nos 121 o meu foco está numa reposição calórica de +- 1000 Kcal a cada 3 horas para dois litros, sei que devia ser um pouco mais mas tento compensar nas paragens.(... uma errata ao plano)


Matosinhos é uma terra de que gosto... idem do Porto, reencontro o Manuel e passo pela ribeira entre foliões do São João.


O primeiro percalço da viagem rumo a sul foi desmontar o guarda lamas do Albano, que teimosamente não queria ficar no sitio... no stress pois não iríamos ter chuva.


A propósito de guarda lamas um ciclista, dos rápidos, passou por nós na Afurada e perguntou-nos com sotaque carregado "...É pá... vocês se fossem meu amigos diria que eram burros...guarda lamas isso é para quê?"


Respondemos-lhe que " Na maior parte dos dias pastávamos agora que os fardos de palha estavam caros... por isso é que íamos devagar... pastávamos muito..."  e o Albano disse-lhe que " enferrujava e que não podia apanhar humidade... era uma pessoa sensível...." 


Ficamos convencidos que que não achou graça aos Brevets Randonneurs Mondiaux... fica para próxima... certamente falaremos com este moço dos coletes, das bagageiras dos espelhos, reflectores e outras marquises de ciclistas sensíveis e dados a luxos!


Já cheguei a N109... vai demorar chegar a Odeceixe!

2 comentários:

FBC disse...

Puxa, o Portugal Vertical é uma aventura e peras, Pedro.
Eu já me contentava com uma jornada de Sines/Milfontes/Zambujeira e volta no dia seguinte.
Talvez nos encontremos algures pelo Litoral Alentejano.
Eu costumo andar numa Trek roda 29 normalmente com música a ouvir-se discretamente.
Boas pedaladas,
Francisco

nuno disse...

Pedalar por prazer. Essa é a essência máxima, o expoente máximo que nos leva para lá dos limites, do razoável, do lógico. E o prazer não se explica nem se deve explicar. Pedala porque sim e ponto. Força!

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